A Smart Grid
1. Introdução
A energia elétrica produzida por
grandes unidades geradoras é transportada até a rede local de distribuição aos
consumidores através da rede de transmissão, algumas vezes por consideráveis
distancias. Os sistemas de geração e transmissão, em geral, possuem uma boa
estrutura de comunicação, de forma a garantir o funcionamento eficaz e seguro
mesmo durante grandes perturbações. A distribuição, porém,
sendo majoritariamente passiva, possui poucos recursos de comunicação,
controle e monitoramento de grandezas básicas como tensão e corrente. A Smart
Grid é a aplicação de novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
visando suprir essa carência, tornando a operação do sistema de distribuição
mais eficaz e flexível e menos dispendioso. Ela ainda possibilita a
ampliação do uso de geração a partir de fontes renováveis e, através de
medidores inteligentes, o melhor monitoramento e controle do fluxo de
energia.
2. Por que implementar o Smart Grid agora?
2.1. Envelhecimento de ativos e falta de
capacidade do circuito
O sistema elétrico de muitos
lugares já ultrapassou sua expectativa de vida útil e a substituição dos
equipamentos existentes por outros idênticos, não sendo financeiramente
interessante, abre oportunidade para uma atualização do projeto. Em alguns
casos, a barreira tem sido a limitação da capacidade do circuito, dentro de
suas restrições, exigindo um gerenciamento mais inteligente.
2.2. Restrições térmicas
Restrições térmicas estão ligadas
ao excesso de corrente, além da capacidade de transferência da linha, causando
a redução da vida útil, aumento da ocorrência de falhas e redução da segurança
de operação.
2.3. Restrições operacionais
Há limites predefinidos de tensão
e frequência, tanto superiores quanto inferiores, e sua violação pode causar
danos, falhas e riscos à segurança. O desequilíbrio entre geração, inclusive
distribuída, e demanda pode causar essa quebra de limites. Tentativas de evitar
tais situações pode resultar em elevação do investimento necessário. A
ampliação de geração renovável, principalmente solar e eólica, sendo difícil de
ser prevista, contribui para o agravamento da situação, enquanto a
popularização de veículos elétricos, e consequente ampliação da capacidade de
armazenamento do sistema, contribui no sentido da melhora do quadro.
2.4. Segurança do abastecimento
Tradicionalmente são utilizados
circuitos redundantes para garantir uma confiabilidade maior no sistema,
causando aumento nos custos. A Smart Grid oferece a possibilidade de
reconfiguração inteligente pós-falha, sendo esta inevitável.
2.5. Iniciativas nacionais
Muitos governos estão
incentivando iniciativas de Smart Grid como uma maneira econômica modernizar a
infraestrutura do seu sistema energético, permitindo a integração de recursos
renováveis e criar uma importante oportunidade para desenvolver novos produtos
e serviços.
3. O
que é a Smart Grid?
O Departamento de energia dos EUA
define Smart Grid como “A rede inteligente utiliza tecnologia digital para
melhorar a confiabilidade, segurança e eficiência (tanto econômica e
energética) do sistema elétrico, desde a grande geração até os sistemas de
distribuição para consumidores de eletricidade e um número crescente de
recursos de geração distribuída e de armazenamento”. Outras fontes acrescentam,
em suas definições, conceitos importantes como integração, comunicação,
sustentabilidade e diversificação de fontes.
A literatura apresenta uma série
de atributos interessantes de uma rede inteligente, entre eles o gerenciamento
de demanda através de medidores inteligentes, com participação ativa dos
próprios consumidores. A facilitação da integração de fontes de energia
renovável e microgeração distribuída assim como a abertura de acesso aos
mercados também são características relevantes. Por último, a
reconfiguração autônoma da rede, quando necessário, gera melhora na
confiabilidade e segurança do fornecimento, antecipando e otimizando a resposta
do sistema a grandes perturbações.
4. Iniciativas
em Smart Grids
4.1 Redes
de distribuição ativas
Uma rede de distribuição com
presença de geração distribuída difere de uma rede passiva típica em vários
pontos: o fluxo de energia não é unidirecional, tendo a direção e magnitude
dependentes dos níveis de produção e demanda; requer uma coordenação mais
complexa, em especial na proteção da rede; pode haver injeção significativa de harmônicos
na rede.
O Controlador do Sistema de
Gerenciamento de Distribuição (DMSC), em uma rede ativa, recebe dados medidos
em pontos da rede, identifica possíveis erros de medição. Usando os dados
válidos, calcula o estado atual de operação verifica se os limites admissíveis
são respeitados. Executa modelos de previsão de carga e define configurações
otimizadas de controle, atuando através de dispositivos sob comando, dentro das
limitações dos mesmos.
4.2 Usina
virtual (VPP)
O conceito de uma VPP é agregar
um conjunto diversificado de Recursos Energéticos Distribuídos (DER) e passar a
considera-los como uma unidade. Essa abordagem facilita, tanto técnica quanto
comercialmente, a inserção dos DERs no setor.
4.3 Outras
iniciativas
·
Galvin: define “O sistema de energia perfeito garantirá
absoluta e universal disponibilidade de energia, na qualidade e quantidade
necessária para atender a todas necessidades dos consumidores”. Essa definição
difere do conceito atual por não admitir nenhuma probabilidade de falha no
suprimento ao cliente, o que pela abordagem convencional só seria possível utilizando
infinitas plantas geradoras a um custo infinito. Muitos de seus atributos são
semelhantes aos da Smart Grid, objetivando alcançar um sistema totalmente
integrado.
·
IntelliGrid: está construindo uma base técnica
para as Smart Grids com recursos que englobam numerosos sistemas automatizados
de transmissão e distribuição atuando de forma coordenada, ações de ‘self-healing’
para controle de situações emergenciais e infraestrutura de comunicação
inteligente. Essa arquitetura aumentará a capacidade do sistema de fornecimento
de energia, mesmo sem reforçar o sistema, melhorará o desempenho e a
conectividade dos usuários e permitirá direcionar energia ao longo de caminhos específicos.
·
Xcel Energy: "Um sistema totalmente
conectado à rede que identifica todos os aspectos da rede elétrica e comunica
seu status e o impacto das decisões de consumo (incluindo impactos econômicos,
ambientais e de confiabilidade) aos sistemas automatizados de tomada de decisão
nessa rede". Sua implementação envolve projetos como Armazenamento de
energia eólica, sistemas inteligentes que detectam, ou preveem, problemas na
rede e atuam para restaurá-la, integração de veículos elétricos e portal que
permita o consumidor gerenciar seu uso de energia.
·
Southern California Edison (SCE): envolve temas
estratégicos como integração de recursos energéticos renováveis e distribuídos,
controle da rede e otimização de ativos, eficácia da força de trabalho, medição
inteligente e soluções inteligentes para os clientes.
5. Visão
geral das tecnologias necessárias para a Smart Grid
5.1 Tecnologias
de informação e comunicação:
Inclui: comunicação bidirecional (geração/consumo);
arquitetura que possibilite "plug-and-play" de novos componentes;
fornecimento das informações necessárias para o cliente gerenciar seu consumo e
negociar no mercado de energia; software e normas para garantir a segurança das
informações.
5.2 Sensoriamento,
medição, controle e automação:
Inclui: Dispositivos Eletrônicos
Inteligentes (IED); Unidades de Medição Fasorial (PMU) e Monitoramento,
Proteção e Controle de Grandes Área (WAMPAC) para garantir a segurança do
sistema de energia; sensores integrados a sistemas de controle e automação para
fornecer diagnóstico rápido e resposta oportuna a qualquer evento em diferentes
partes do sistema; medidores inteligentes para permitir que os clientes tenham
maior controle sobre o seu uso de eletricidade.
5.3 Eletrônica
de potência e armazenamento de energia
Inclui: sistemas que permitam o
transporte de energia por longas distâncias e facilitem a integração de fontes
de energia renováveis; interfaces de eletrônica de potência e outros dispositivos
para fornecer maior controle sobre os fluxos de energia e para garantir a
qualidade de energia; armazenamento de energia para uma maior flexibilidade e
confiabilidade do sistema de energia.
* Esse texto é um resumo do Capítulo 1 do livro citado no post inicial deste blog. Para maiores informações, consulte o livro indicado e as referências indicadas no final do capítulo.
* Esse texto é um resumo do Capítulo 1 do livro citado no post inicial deste blog. Para maiores informações, consulte o livro indicado e as referências indicadas no final do capítulo.
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