Resumo: Cidades Inteligentes
(Autoria: Gilles Betis; Christos G.
Cassandras; Carlo Alberto Nucci)
Trata-se de um
trabalho introdutório à edição especial dos Anais do IEEE (Volume 106 Número
4), a qual reúne pesquisas recentes sobre o ideal de Cidades Inteligentes e sua
implementação. Assunto desafiador e multidisciplinar, com perspectiva de ganho
de importância ao longo dos próximos anos. A adoção e divulgação de padrões,
estruturas metodológicas e feedbacks dos resultados permitirão a
reprodutibilidade dos avanços conquistados, acelerando o desenvolvimento desta
área.
No cenário
onde as cidades têm de considerar objetivos cada vez mais gerais como sustentabilidade,
meio ambiente, qualidade de vida e economia de energia, o simples incremento
das soluções atuais não satisfará os problemas a serem enfrentados. Mudanças
drásticas e inovações disruptivas são necessárias para a transformação da
abordagem dessas situações, envolvendo as mais diversas áreas e atores, nas
dimensões tecnológica, social e política. O resultado almejado é a criação de
valor, não só no sentido financeiro, e o desenvolvimento de cidades atraentes,
inclusivas, sustentáveis, seguras, resilientes e ágeis.
O uso do termo
“Inteligentes” não deve ser encarado como uma negação dessa característica nas
soluções atuais. A tecnologia sempre foi inteligente. Esse adjetivo visa
destacar o uso massivo de tecnologias de informação e comunicação (TICs),
sensoriamento e softwares incorporados nos dispositivos. Vale ressaltar ainda,
que todos os trabalhos apresentados são orientados para a aplicação e com
abordagem metodológica focada nos resultados de campo.
Panorama da edição especial
O conjunto
inicial reuni artigos sobre a questão da Mobilidade Urbana. O primeiro trata da
possibilidade de uso do controle transacional, através de tarifas dinâmicas,
para melhora da qualidade da mobilidade urbana. Dois exemplos são apresentados,
envolvendo tráfego em rodovias e novos modos de transporte. O segundo analisa o
custo da desordem nas redes de transporte, visando sua redução. Ele utiliza
para isso duas políticas, uma egoísta, centrada no individuo, e outra
socialmente ótima, e define a proporção do custo total perdida entre os dois
modelos. O crescente impacto que novos serviços de mobilidade têm sobre padrões
de tráfego e eficiência de transporte é tratado no terceiro. A modelagens
matemática é utilizada para mostrar a generalidade do tema. O quarto artigo,
distanciando-se dos anteriores, trata de uma estrutura de crowdsensing para
monitoramento das vibrações em uma ponte, utilizando dados gerados pelos
smartphones que transitam por ela.
O conjunto
seguinte concentra-se na rede elétrica como tema de maior relevância, sendo um
dos principais facilitadores para a implementação das cidades inteligentes. O
quinto documento traz uma modelagem para sistemas cooperativos de gerenciamento
de energia, utilizando aquisição de dados no espaço cibernético e previsão do
comportamento humano. O sexto avalia os papéis e impactos sociais das redes
elétricas inteligentes, indo além dos aspectos financeiros. O sétimo, fechando
esse conjunto, apresenta a experiência espanhola com “smart grids”. Partindo do
sistema tradicional centralizado, traça o caminho até a nova estrutura que
inclui, por exemplo, geração renovável por aqueles que anteriormente aram
apenas consumidores.
O oitavo
artigo aborda o tema de edificações, apresentando uma alternativa para obter
eficiência energética em edifícios residenciais criando afinidade entre as
preferencias dos moradores e as condições térmicas não reguladas de cada
apartamento. Já o Nono reúne ideias de sistemas sociotécnicos e teoria de
sistemas para justificara importância da participação da administração local nessas
mudanças e da adaptação da abordagem de governança.
O último
conjunto agrupa artigos a respeito da temática saúde, demostrando a
possibilidade de uso destas informações e tecnologias para orientar ações nessa
área. O décimo artigo usa dados de registros disponíveis para prever
hospitalizações por doenças crônicas, como doenças cardíacas e diabetes. O
décimo primeiro discute o impacto positivos que as TICs em smart cities podem
ter na eficácia e nos custos dos cuidados de saúde. O décimo segundo trabalho
fecha este conjunto propondo o uso de modelos preditivos, alimentados por dados
sociais e clínicos multidimensionais, para prever condições de fragilidades em
idosos.
O último
trabalho reuni colaborações de diversos autores acerca da necessidade de
abordagens multidisciplinares, de atores com interesses diferentes mas
complementares, para desenvolvimento e eficaz implementação do ideal de cidades
inteligentes.
Conclusão
A necessidade
de cooperação multidisciplinar em pesquisa é crucial em muitas áreas
científicas, mas no caso de cidades inteligentes, a natureza múltipla de uma
colaboração não se limita a questões científicas, mas é estendida à natureza e
tipo dos participantes. Acadêmicos com diferentes conhecimentos científicos e
humanitários precisam cooperar não apenas entre si e com os atores industriais
com grande intensidade, mas também precisam interagir e cooperar com as
autoridades locais e as comunidades regionais.
Todos os
trabalhos apresentados mostram que as cidades inteligentes são uma realidade
crescente, embora ainda sejam necessários grandes passos. Um dos quais é a padronização
e outro é o modelo de negócios. Não haverá uma inovação sustentável sem novos
modelos de negócios e novos jogadores emergentes.
Lista de artigos:
1. “Transactive control in smart
cities” by Annaswamy et al.
2. “The price of anarchy in
transportation networks: Data-driven evaluation and reduction strategies” by
Zhang et al.
3. “Information patterns in the
modeling and design of mobility management services” by Keimer et al.
4. “Crowdsensing framework for
monitoring bridge vibrations using moving smartphones” by Matarazzo et al.
5. “Versatile modeling platform for
cooperative energy management systems in smart cities” by Hayashi et al.
6. “Smart (electricity) grids for smart
cities: Assessing roles and societal impacts” by Masera et al.
7. “Cityfriendly smart network
technologies and infrastructures: The Spanish experience” by Gómez-Expósito et
al.
8. “Data-enabled building energy
savings (D-E BES)” by Abrol et al.
9. “Smart governance for smart cities”
by Razaghi and Finger
10. “Predicting chronic disease
hospitalizations from electronic health records: An interpretable
classification approach” by Brisimi et al.
11. “Using smart city technology to make
healthcare smarter” by Cook et al.
12. “Predicting frailty condition in
elderly using multidimensional socioclinical databases” by Bertini et al.
13. “The need of multidisciplinary
approaches and engineering tools for the development and implementation of the
smart city paradigm” by Andrisano et al.
https://ieeexplore.ieee.org/xpl/tocresult.jsp?isnumber=8326750&punumber=5
https://ieeexplore.ieee.org/xpl/tocresult.jsp?isnumber=8326750&punumber=5
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